Publicado em: 07/06/2018 - Autor: Roselene Borges Kopak

NÃO aos gritos é uma forma correta de educar? Eu diria que o “NÃO” aos gritos sem explicação do por que do não, é uma atitude de imposição de autoridade e não de educação. De acordo com a faixa etária da criança, isso somente coloca um limite na sequência da ação que a criança estava desenvolvendo e provoca um susto. É como se fosse um limitador ou uma fronteira. A criança paralisa por alguns instantes pelo som da voz da mãe transmitida geralmente com um grito e paralisa tudo o que está fazendo. Nesse exato momento há liberação de cortisol e adrenalina. Cortisol é como se fosse um alerta geral do organismo através de uma sirene de emergência. Nesse momento ocorre um aumento da pressão arterial, aumenta a glicose no sangue propiciando energia muscular exatamente para dar uma resposta à situação. Em consequência o corpo pausa as funções anabólicas de recuperação do organismo ou de tecidos doentes que o organismo está combatendo, pois no momento do susto o organismo que é inteligente manda uma informação para o cérebro dizendo: Para tudo, tenho uma emergência e preciso resolver esta emergência agora, que foi causada pelo grito em forma de um NÃO que gerou um estresse. Esse ambiente de estresse acaba pausando o crescimento e a cura que o organismo estava providenciando; Por isso muitas crianças vivem doentes, com problemas de desenvolvimento e aprendizagem. O organismo com cortisol em excesso fica em pausa, alerta, emergência. Porque ele quer resolver aquele estresse (Estresse tóxico), que muitas vezes as mamães nem percebem os movimentos das suas crianças e continuam num ritmo de educar através do NÃO com gritos: Não faça isso, não entre ali, não coma isso, não assista isso, não, não, não...

Para uma criança que não tem o entendimento do adulto, o excesso de NÃO gera um estresse tão grande e profundo, pois ela vive num mundo diferente do adulto, ela não possui agendas estressantes, mas vive e convive com um condicionamento diário em um ambiente de desarmonia que assimila todo este estresse, começando a ter ansiedade, medo, irritabilidade, nervosismo que algumas mamães chamam de brabeza, tudo vem de uma cultura de educar no automático, no desequilíbrio que muitos pais vivem condicionados aos seus dias de trabalhos estressantes e trazem toda essa carga negativa para dentro de seus lares.

Junto com o cortisol tem a adrenalina que podemos diferenciar de uma boa e outra ruim. A boa é aquela liberada pelo exercício físico ou uma experiência como saltar de para quedas. Agora a adrenalina liberada em resposta a uma ameaça física, psíquica ou pela ansiedade onde muitas crianças roem a unha, outras ficam desesperadas não é muito boa. Esse processo é a preparação do corpo para grandes esforços físicos, estimula o coração, maximiza o fluxo sanguíneo para braços e pernas para que a criança possa tomar alguma atitude. Para entender melhor, quando você está numa mata sozinho e aparece uma onça, é neste momento que você precisa decidir em lutar ou fugir, por isso do fluxo sanguíneo para braços e pernas, isso é o que acontece com a criança quando ela está concentrada numa brincadeira ou atividade pedagógica e alguém grita não faça isso, a criança paralisa o processo é a mesma adrenalina gerada pela presença da onça na mata. Quanto mais esta criança se sente estressada sua corrente sanguínea terá mais cortisol e mais adrenalina, por conseguinte menos quietude e mais desespero.

A criança do zero aos sete anos de idade está desenvolvendo seu corpo físico biológico, então toda a sua energia nesta fase da vida é enviada para esse processo de desenvolvimento dos seus órgãos vitais, ou seja, do seu corpo físico. Quando alguma exigência fora da sua capacidade de discernimento acontece, instala-se a pausa através de um susto, e a repetição dessa pausa gera sérios danos à saúde desta criança. Por isso do ensino aprendizagem ser a partir dos seis a sete anos, nessa fase a criança já desenvolveu seu corpo físico e está pronta para idade escolar, ela está pronta porque essa força da vitalidade já se tornou independente e a partir dai pode se dedicar a aprender a ler e escrever, aprender a matemática, tomar conhecimentos da existência de outros idiomas, não somente a língua materna, o marco desta idade escolar é a troca dos dentes de leite. Antes dessa idade, quando a criança é submetida a processos de aprendizado mais intenso pode ocorrer que aquela força pra concluir a maturação infantil até os sete anos, é transferida para o processo de aprendizado em detrimento da boa saúde, às vezes essa boa saúde ou a falta desta saúde se apresenta ao longo da vida adulta em forma de moléstias. Nesse período onde a criança é educada de uma forma carinhosa e calorosa, ela aprende pela mãe e com a mãe, geralmente através do diálogo lúdico onde as brincadeiras são uma forma de linguagem e ela conversa com seu mundo lúdico de uma forma onde o mundo é bom, onde existem seres elementais (fadas, duendes, sereias) e também príncipes e princesas e o contexto da história sempre acaba com um final feliz, a criança nesta tenra idade desenvolve o mundo bom, e cabe aos pais principalmente a mãe de incentivar num contexto de contos e brincadeiras, explicar o quão este mundo é bom, pois será através desta educação do mundo bom que na vida adulta essa criança estará preparada emocionalmente para viver em sociedade.

Na primeira infância a criança está apreendendo a se comunicar com o mundo externo, por não ter a real noção dos significados das palavras no primeiro momento às crianças podem vir a não entender e seguir no processo de brincadeira, as palavras soltas não tem significado, pois elas vivem num mundo concreto e lúdico, somente tem significado quando mostramos para ela um objeto e damos nome a este objeto, a construção das palavras se dá gradativamente. Vamos imaginar: Uma criança quando numa conversa ainda pequena a sua mãe lhe diz: “a mamãe te ama” em seguida esta mãe abraça esta criança e a acalenta em seus braços, esta criança entende pelo afeto e carinho que ela está sendo cuidada e protegida, este é um movimento concreto, ela sentiu-se amada ao ser abraçada, a partir deste movimento através da sua mãe ela entende e percebe o mundo bom. Por isso que a primeira fase da vida de uma criança é a mais importante, ao nascer se separa da mãe biologicamente de corpo, ela tem o seu próprio corpo, mas ainda depende da energia vital da mãe para o seu desenvolvimento e crescimento, através dos cuidados, do leite materno, do ir e vir, porque ela é totalmente dependente, nesta fase pertence quase que exclusivamente a família, onde os pais interagem com seus filhos o tempo todo. Na maioria das vezes deixamos de aproveitar este tempo para esta educação de amor pautado numa educação transformadora e libertadora, a mãe ou quem cuida desta criança precisa ter uma noção de como essa criança se comporta para não podar os potenciais que ela esta desenvolvendo para usar na vida adulta. As brincadeiras são de suma importância, o falar manso e carinhoso, explicar o porquê das coisas, isso vem através da orientação, nessa fase a criança é dirigida pela mãe exatamente por não entender os perigos que assolam o meio em que ela vive. Mesmo com sua família dentro do lar, a criança precisa vivenciar suas experiências, desenvolver seus potenciais. Todo cuidado e orientação são necessários, mas a experimentação é de suma importância. Os pais devem ser os incentivadores e os motivadores para que as crianças superem seus medos através das brincadeiras: Correr, andar de bicicleta, subir e descer de árvores, andar de patins, skate, aventurar, com a supervisão dos adultos e através da experimentação sem serem podados com o dito NÃO, somente através desta educação estarão preparados para na vida adulta superar seus limites.

Nesta abordagem quero salientar que estou falando do emprego da expressão de negação “Não” sem a explicação dos porquês e as devidas orientações. Numa determinada faixa etária, onde a criança está na formação de sua personalidade, normalmente estes NÃOS sem nenhuma explicação acabam castrando a liberdade da criança, limitando a ação, vontade, a energia, a iniciativa, a criatividade, a inovação, a expressão, a negociação e a argumentação. São virtudes castradas que na vida adulta fará muita falta. Quando os pais se equivocam nos termos usados na educação de seus filhos, também correm o risco de se equivocar no modo de agir perante a sociedade.

A educação dos pais deve: Libertar, estimular, dar a criança a possibilidade de ser tudo o que ela veio para ser. Mas a criança também precisa de limites. A falta de respeito de uma criança é um processo oriundo de um lar que de alguma forma os pais não conseguiram exercer sua autoridade de pais perante seu filho. A estrutura familiar e a estrutura social carecem de limites. Somente teremos êxito pelas orientações pautadas na ética e moral, dentro de uma forma amorosa de transmitir estes ensinamentos através do exemplo dado e vivenciados em família. Dentro da proposta da educação que liberta, os pais devem ter autoridade.

O verdadeiro amor é aquele que tem a coragem de negar uma solicitação de forma esclarecedora, onde a orientação entra como base primordial nesta proposta, estabelecendo parâmetros de equilíbrio para que a criança quando na fase de entendimento discirna o que deve e pode fazer em relação ao que não pode e não deve fazer.

Muita Luz!!!

Rotinas Saudáveis é uma empresa de consultoria que atende pessoas e famílias, aplicando atividades de apoio para solução de conflitos. Muitas vezes entender um pouco mais sobre nossa vida já é suficiente para aliviar o excesso de peso psicológico que carregamos sem perceber.  

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