Publicado em: 13/06/2019 - Autor: Roselene Borges Kopak
Organizar o externo quer dizer organizar-se interiormente. Ou seja, quando algo não está bem, significa que precisamos organizar nosso ser. Mas, na maioria das vezes, não percebemos que essa desorganização é interna e começamos a organizar o externo. Muitas vezes, por mais que o organizemos, parece-nos que a desorganização continua. Precisamos olhar um pouquinho para o nosso ser, olhar com atenção para enxergar como está nosso “interior”.
Para o adulto, nem sempre é fácil observar esse movimento e entender que é preciso organizar o interior. Por isso, quando se trata de uma criança, ela depende de um adulto como meio que a molde e modele. Uma vez que ela não tem a capacidade e nem o discernimento de observar este movimento, então continua sofrendo pela desorganização interna que pode se refletir em desorganização externa. Essa problemática se apresenta quando ela está trabalhando seu dia a dia através das brincadeiras, principalmente na construção e desconstrução das atividades lúdicas que faz, ou seja: “Quando uma criança não consegue sentir-se calma e equilibrada diante de uma atividade, com liberdade de brincar e construir algo, ela precisa que seus primeiros educadores tenham um olhar sistêmico para que observem em volta o que está acontecendo, principalmente na tenra idade”.
Os profissionais que trabalham com crianças, em um primeiro momento, conversam com os pais e coletam a problemática. Depois adentram em um período de observação dos movimentos da criança. É preciso observar como ela se comporta em grandes e pequenos grupos, como ela interage corporalmente e estagia naquele meio que foi inserida. A criança será objeto de observação. O diagnóstico visa responder muitas perguntas não somente sobre a criança, mas também sobre os pais.
Dentro de uma visão sistêmica, os pais precisam ter este olhar de observação, analisar como os filhos se comportam, pois somente através desta observação poderão compartilhar do mundo interior da criança. A criança quando nasce mostra seus prazeres e desprazeres através do choro. Não sabe falar e quando está em desconforto chora, ou seja, avisa quando está com fome, com sede, com a fralda molhada ou suja. Satisfeitas essas necessidades, ela dorme se está saudável e confortável. Todo este movimento de choro é para excitar o interesse da mãe e provocar os cuidados necessários, pois se ela só tem gritos de alegria quando ainda não sabe falar, pouco se inquietariam com suas necessidades. “Admirai, pois, em tudo, a sabedoria da Providência” (Santo Agostinho).
A criança na tenra idade passa a maior parte do seu tempo dormindo. Ela ainda está na fase de desenvolvimento e crescimento dos seus órgãos, necessita de uma carga horária de sono muito maior que a dos adultos, ou seja, a criança está em estado de sono. A partir deste movimento, muitas crianças adentram aos consultórios de profissionais infantis. Uma das terapias indicadas é que se converse com esta criança em estado do sono REM (movimento dos olhos rápidos); ela faz movimentos com olhos e, na maioria das vezes, chora e resmunga dormindo, reflexos do seu sono onde há um desdobrar-se. É nesse sono que as crianças entendem tudo o que os pais falam com elas. Nesse momento conversa-se diretamente com o espírito da criança, fala-se como se estivesse falando com um adulto. Com postura adequada, clareza, sinceridade e leveza, assim, ela entenderá perfeitamente o diálogo, inclusive os conflitos são resolvidos desta maneira porque, nesse momento, não precisamos de uma linguagem infantil e sim de uma linguagem natural, como se estivéssemos conversando com um adulto.
Hoje, a maioria dos conflitos em crianças pode ser a falta de experiência dos pais na maneira como educam e formam seus filhos. Alguns acreditam que, ao “satisfazerem todos os anseios das crianças”, estão formando uma criança feliz. Esse comportamento é imaturo e infantil, pois os filhos precisam de regras, normas e disciplina para se tornarem crianças felizes, realizadas e comprometidas com um mundo melhor, inclusive para ela. Realizar desejos é um atalho geralmente feito pelos pais para que nesta corrida desenfreada pelo poder aquisitivo, de bens materiais, carro de marca, roupas de grife e de amigos com sobrenome, possam suprir o tão valioso e importante “tempo” de estar presente com os filhos. Aquele momento que é despendido aos filhos é um valioso instrumento de educação para que se tornem adolescentes, jovens e adultos disciplinados, felizes, livres e que em idade avançada possam retribuir à natureza tudo o que receberam sem precisar ficar com uma sensação de vazio existencial.
Não podemos esquecer que, antes do nascimento, a criança passa por um período de gestação no ventre de sua mãe e ali começa a experiência do primeiro LAR de amor e acolhimento. Ali ainda em formação, ela participa de toda a rotina da mãe, inclusive de suas alegrias, tristezas, frustações, conquistas, ou seja, ela interage e recebe todos estes alimentos emocionais através dos estímulos e do fluido energético que troca com a mãe. Jamais deixando de olhar o pai como participante ativo de todo processo como suporte, pois a criança em formação percebe a relação dos pais sendo alimentada pela energia da harmonização ou pelos conflitos. A criança interage com este meio mesmo antes de nascer.
Toda criança, ao nascer, é colocada em um meio onde será moldada através da cultura dos genitores. Ela somente irá receber o que os pais tiverem condições de dar, ou seja, a educação trazida pelos pais de um berço anterior, de suas famílias de origem. Portanto pais avaliem a educação que tiveram e se é a mesma educação que querem dar para seus filhos. Muitas vezes precisamos cortar este elo com a família anterior e adquirir uma educação diferente para que não tenhamos que passar pelos mesmos conflitos que muitas famílias de origem passam. A educação de vocês, pais, foi escolha de seus genitores, mas a educação de seus filhos é de responsabilidade e escolha de vocês. A educação primeira é um ato de amor e comprometimento, educar um filho é o maior desafio, e a maior missão dos pais aqui no plano terreno, portanto, faz-se necessária uma educação pautada no amor raciocinado para que seu filho tenha uma vida feliz, equilibrada e livre.
Pais! Observem o comportamento do seu filho desde o berço, pois desde criança manifestam-se os instintos bons ou maus, que eles trazem da sua bagagem anterior. É nesta fase que os pais devem se aplicar, observar para corrigir, pois todos os males se originam do egoísmo e do orgulho. Pais, aos menores indícios reveladores do gérmen de tais vícios, cuidem em combatê-los, sem esperar que lancem raízes profundas. “Façam como o bom jardineiro que corta os rebentos defeituosos à medida que os vê apontar na árvore. Se deixarem que o egoísmo e o orgulho se desenvolvam, não se espantem de serem mais tarde pagos com a ingratidão. Quando os pais fazem tudo o que devem pelo adiantamento moral de seus filhos, se não alcançam êxito, não têm de que se inculpar e podem conservar tranquila a consciência” (Santo Agostinho).
Na tenra idade, a observação de acordo com a visão sistêmica do meio que esta criança está inserida é de profundo êxito, pois ao observar todo o movimento desta criança, você mamãe, você papai, o conhecerá melhor interiormente. E toda a insatisfação exteriorizada vem de dentro e se expõe para que seus pais, educadores primeiros, possam avaliar se este meio familiar está sendo salutar e benéfico para a primeira educação da criança. Educação será a base norteadora de seus passos para mais tarde participar de uma grande sociedade. Pais permitam-se parar um pouco para usar o tão precioso tempo para despendê-lo mais com seus filhos, dando-lhes mais condições de expressarem seus sentimentos sejam eles angustiantes ou de felicidade.
Um diálogo fraterno com uma criança na tenra idade não deve ser travado somente através das palavras e sim muito mais através dos sentimentos e das emoções, com o acalento dos abraços afetuosos, com o aconchego do colo caloroso dos pais, com a leitura de um livro edificante que conta estórias maravilhosas de conto de fadas... Nossas crianças precisam viver um mundo bom...
Nesta breve passagem pela Terra vivenciamos três mundos... Primeiro o mundo bom de que tudo é bom e maravilhoso e que no final tudo termina muito bem. Se puderem observar os contos de fadas onde o príncipe beija a princesa para simbolizar a passagem entre matéria e espírito... Ou seja, a estória não chegou ao final, mas a criança não precisa saber disso nesta tenra idade, ela se satisfizer com o final. Por isso, aceite o final sem questionar. Depois precisamos do mundo belo onde se conhece a princesa e o príncipe e, somente mais tarde, na fase de adolescente, começa-se a conhecer o mundo real, mas as crianças precisam ter o primeiro contato com este mundo bom, que será o despertar de seu lado bom e que irá reescrever muitas das suas animosidades trazidas como bagagem, já que ninguém nasce zerado.
“Organizar o externo quer dizer organizar-se interiormente".
“O tempo pode ser nosso maior aliado ou nosso maior inimigo”.
Muitos de nós ainda perdemos tempo no tempo que passa.
Pensemos nisso...
Muita Luz!!!!
Rotinas Saudáveis é uma empresa de consultoria que atende pessoas
aplicando atividades de apoio para solução de conflitos. Muitas vezes entender
um pouco mais sobre as fases da vida humana já é suficiente. Pense nisso!